DO CORPO OBJETO AO CORPO DENTRO DA APRENDIZAGEM MOTORA
Do corpo objeto ao corpo próprio na aprendizagem moto
Na medida em que a educação do corpo visa apenas a manutenção da saúde ou recreação, os problemas técnicos praticamente não surgem. Mas assim que a preocupação com o desempenho e a precisão do movimento se tornam uma exigência, como na prática esportiva, o movimento é mais frequentemente aprendido por meio do “ensaio”, a forma mais rígida de condicionamento. O ensino de técnicas esportivas se presta muito bem a esse tipo de aprendizado. O treinador parte do conhecimento de um gesto técnico ideal emprestado do campeão de maior sucesso na especialidade. Graças aos processos de vídeo atuais, o gesto é analisado nos mínimos detalhes. Suas características são justificadas por cálculos e análises biomecânicas. Na maioria das vezes, o movimento é quebrado e o aluno é metodicamente treinado na realização dos sub-modelos. Esta prática homologa os movimentos humanos com os de uma máquina, segundo os métodos de análise cartesiana que vão do simples ao complexo e do elemento à totalidade. Para conclui:
“Durante o treino, o corpo-objeto está sujeito à folha de treino que define o modelo que deve ser inscrito no corpo. O monitor é o fiel proprietário do modelo, o relé da folha de instruções e seu guardião. A validade da ficha é garantida pelo caráter científico dos dados biomecânicos que foram necessários para o seu estabelecimento. A necessidade social da aquisição de saber-fazer é o argumento que remove as últimas barreiras que poderiam resistir a este sistema desumano".
Uma reação natural, face a estas práticas, tanto mais desumanas quanto hoje dizem respeito a crianças cada vez mais novas submetidas a uma formação precoce, é lançar um anátema ao desporto competitivo. Não é a nossa posição. Não podemos recusar os adolescentes que tanto desejam se inspirar no modelo de identificação representado pelo campeão. Consideramos mesmo, por experiência própria, que este meio pode ser utiliza:às vezes, e na maioria das vezes desejam, de forma privilegiada com vistas a um melhor desenvolvimento da pessoa.Conciliar o respeito pela autonomia da pessoa e o rigor da aprendizagem técnica implica a aplicação de uma metodologia que oferece ao educando a possibilidade assumir o controle de seu próprio aprendizado. Este é o objetivo da psicocinética. Considerando as colocações de, Jean Lê Boulch, (o corpo e a escola no século XXI, o, 107-108,1998), percebemos que a evolução do conhecimento cerebral, vai nos permitir através de, Stanislas Dehaene, (APPRENRE,P. 95, 2018), "A aprendizagem é infinitamente mais eficaz se se tiver, por um lado, um vasto espaço de hipóteses, um conjunto de modelos mentais com inúmeras configurações para escolher; e, por outro lado, algoritmos sofisticados capazes de ajustar seus parâmetros de acordo com os dados recebidos do mundo exterior". Podemos avaliar com mais segurança a evolução e o surgimento do atleta talentoso, do atleta construído e do fenômeno esportivo.
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