PSYCOLOGIA DA CRIANÇA




 Século XX: a grande batalha natureza-criação


O século XX abandonou o método monográfico pelo método experimental, comparativo, em grupos de crianças. A psicologia experimental multiplica testes e estatísticas, pois, como Alfred Binet, por exemplo, medindo a inteligência.  Mas é também o momento da abundância de grandes teorias, veiculadas por figuras que deixarão a sua marca na psicologia infantil.  As ciências humanas, em plena expansão, querem libertar-se das ideias de evolução, de instintos, de hereditariedade do período anterior.  O ser humano é então definido pela aprendizagem, cultura, educação, experiência e não pela natureza.


 “O homem está aprendendo”, proclama John Watson, o pai do behaviorismo.  Este psicólogo americano sustentava que a criança era uma massa maleável e que poderia ser transformada em delinquente, estudioso, açougueiro ou padre dependendo da educação que recebesse.  Esta corrente que vê a aprendizagem como condicionamento dominará a psicologia americana entre as décadas de 1910 e 1980. Inicia-se então o grande debate sobre a aquisição inata.  Dará origem a controvérsias virulentas ao longo do século XX...


 Em 1909, um certo Sigmund Freud foi convidado para ir aos Estados Unidos, às mais prestigiadas universidades americanas.  O descobridor do inconsciente que publicou no mesmo ano Análise da fobia de um menino de 5 anos não é, porém, um psicólogo infantil.  Ele quer compreender o funcionamento do aparelho psíquico do adulto, que começa na infância.  A psicanálise infantil, inicialmente realizada por mulheres como Melanie Klein ou Anna Freud, teve uma difusão espetacular no final da Segunda Guerra Mundial.  Não sem oposição às vezes sangrenta!  Mas também gerará hibridizações frutíferas, como acontece com a teoria do apego de John Bowlby;  e, com figuras como René Spitz, Donald Winnicott, Françoise Dolto e muitos outros, inspiraram preceitos educativos que se espalharam nas sociedades do pós-guerra, onde o bom tratamento das crianças estava cada vez mais na ordem do dia. Science humaine 2019, n*54

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